segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Porque Homens gostam da Igreja Ortodoxa?


Num tempo como o nosso, onde todo tipo de “igrejas” são encontradas possuindo uma desvalorização do masculino, homens se voltam para o Cristianismo Ortodoxo em proporções que, se não são numericamente grandes, são relativamente intrigantes.

Entre os três ramos do Cristianismo, este é o único que atrai homens e mulheres em número igual para a conversão.

No livro “The Church Impotent” de Leon Podle, o autor escreve:
“Os Ortodoxos são os únicos cristãos que usam Basso Profondo como música sacra, ou precisam faze-lo”

Em vez de adivinhar o por que disso, eu enviei diversos e-mails para centenas de homens ortodoxos, do qual maioria se converteu em sua idade adulta. Perguntei a eles o que na prática torna a Igreja Ortodoxa tão atrativa para esses homens?

As respostas, logo abaixo, podem contradizer muitas idéias de outros líderes de outras igrejas, que usam de diversas maneiras para manter os garotos dentro de suas igrejas.



DESAFIO. Este foi o termo mais comum que encontrei nas respostas, “DESAFIO”. Cristianismo Ortodoxo é “ativo, não passivo.” É o único Cristianismo no qual você é desafiado a se adaptar a ele e não buscar adaptá-lo a si mesmo. Quanto mais você se envolve, mas você conclui que ele te completa.

A “Postura austera e ascética da Liturgia Ortodoxa” também é uma das respostas.

Períodos regulares de jejuns, permanecer de pé por horas em oração, realizar prostrações, tudo isso já em jejum... Quando você termina, você sente que venceu, que foi desafio e venceu.

A Ortodoxia apela os desejos do homem de auto-domínio, conseguindo isso pela disciplina.

Na Ortodoxia, a ideia de “batalha spiritual” é praticamente onipresente. Santos, incluindo santas, são guerreiros. Batalhas e guerras necessitam de coragem, força e heroísmo.
Somos chamados a combater o pecado, somos convocados como “atletas”, como São Paulo diria. E a recompensa é dado ao vencedor.
O simples fato de permanecer horas em pé durante as liturgias é por si só um exemplo de desafio que homens e mulheres são convidados a fazer.

Um recém-convertido me disse: “Ortodoxia é séria e profunda. Ela é difícil. Ela é exigente. Ela é sobre misericórdia, mas também sobre a ideia de superar a si mesmo. Sou desafiado de uma forma extremamente profunda, não para me “sentir bem comigo mesmo”, mas para ser santo. É rigoroso, mas nesse rigor eu encontro a liberdade. E quer saber, também é para minha esposa.”

Disciplinas simples. Várias vezes é mencionado que homens apreciam clareza sobre o conteúdo desses desafios e o que esperam que eles façam. Muitos homens se sentem mais confortáveis quando se sabe o que se espera deles. “Ortodoxia apresenta um razoável conjunto de limites”. É fácil para garotos expressar-se na Liturgia se existem orientações de como deve ser feito. Principalmente quando é tão simples que tu podes simplesmente chegar e fazer o que deve ser feito.

As orações e liturgias que a Igreja nos oferece – oração matinais, orações vespertinas, orações para antes e depois das refeições, e por ai vai – dá aos homens uma forma de se engajar espiritualemnte sem se sentir um peixe fora d’água, ou preocupado por estar fazendo algo errado pois não sabem o que deve ser feito.

Homens apreciam aprender com clareza, sem rodeios, para formar caráter e entendimento sobre. As pessoas começam aprendendo de imediato sinais, rituais e símbolos, por exemplo, fazendo o sinal-da-cruz. Essa praticidade de rituais aproxima os homens do Senhor, que é Trindade (o sinal da cruz ensina isso), aproxima-os da vida na Igreja e o aproxima de todos ao seu redor.



Um Objetivo. Nossos camaradas disseram na carta que também gostavam da idéia de um objetivo neste desafio: união com Deus.

Um deles disse que freqüentava uma “igreja” e dizia: “Sentia que não estava indo a lugar algum em minha vida espiritual. Mas algo, não sabia o que, estava faltando. Me perguntava: Não há alguma coisa que eu deveria estar fazendo, Senhor?”

O Cristianismo Ortodoxo preserva e transmite a antiga sabedoria cristã de como realizar essa união com Deus, que é chamada “Theosis”. Todo sacramento ou exercício espiritual faz com que cada vez mais a pessoa se aproxime de Deus, sua alma e seu corpo, num processo continuo de aproximação e presença de Deus e também, na aproximação com os outros humanos. Assim como o imã atrai lentamente o metal, nós somos atraído pelas Energias de Deus atrávez da Theosis. Nossa alma sem Baptismo e sem conversão é como a madeira, que o imã não atrai, mas Cristo pode mudar nosso ser, transformar em “metal”, assim, o imã poderá nos atrair, se permitirmos e nos esforçarmos.

Um catecúmeno nos disse que encontrou nos Ícones uma fonte de apoio para resistir a pensamentos indesejados. Ele diz: “Se tu foca teu olhar em algo, sua visão se enche de imagens que te causam problemas. O olho é a luz do corpo. Mas se tu se cerca de ícone, você tem a possibilidade de olhar para algo santo ao invés de algo que lhe tente.

Um padre escreveu: “Homens gostam de desafios, de objetivos, são diretos, alguns até uma caçada, usando termos primitivos. O cristianismo ocidental perdeu o Ascetismo, isto é, o aspecto atlético da vida cristã. Esse é o objetivo do Monasticismo, que no Oriente se expandiu inicialmente com homens e até hoje se mantém. Mulheres também entraram na vida monástica, e nossos antigos hinos ainda falam sobre mulheres mártires mostrando “extrema coragem e garra”.

Ortodoxia destaca o FAZER… Homens são ATIVOS!



Sem sentimentalismo. No livro “The Church Impotent”, recomendado por nossos amigos que nos escreveram, Leon Podles nos oferece uma teoria sobre como a piedade cristã no ocidente se tornou extremamente e puramente feminina. Nos séculos 12 e 13, uma devoção particular, até erótica, convidava pessoalmente os fiéis a se tratar como “A Esposa de Cristo – membro da Igreja”.

Foi amplamente adotado pelas mulheres devotas, e de fato houve menos sucesso entre homens. Por séculos no Ocidente, homens que escolhiam a vida religiosa eram tratados com o estereótipo de afeminado. Diferente disso, a Ortodoxia preservou a devoção de coragem e luta. Conta-nos um senhor de idade, cristão ortodoxo, que visto de fora, o cristianismo ocidental é uma “história de mulher para mulher”.

Na Liturgia Ortodoxa, “homens não rezam como da forma ocidental, juntando as mãos, bocas fechadas e uma expressão facial às vezes forçada de serenidade”. Um dos nossos amigos nos disse: “são garotos num acampamento de escoteiros, dando as mãos e cantando canções com força na fogueira.”

“Homens também querem ser desafiados a lutar por uma causa gloriosa e honrável, se sujando no processo, como em uma batalha. Mas o cristianismo ocidental nos diz para agirmos como cavalheiros e manter as mãos e bocas sempre limpinhas.” – Brinca um de nossos escritores.

Outro camarada nos disse que no culto pentecostal que participava havia grande experiência emotiva. Sentimentalismo, lágrimas, canções emotivas sendo repetidas, até mesmo a leitura da Escritura era proposta para causar alguma emoção. Ele diz: “Nós homens somos muito “QUERO FAZER”, eu quero fazer coisas, não me emocionar simplesmente. Emoções são conseqüências da minha vida espiritual, nunca devem ser a causa. Sou um homem de negócios, eu sei que tudo no meu trabalho se consegue com esforço, energia e investimento. Porque seria diferente na vida espiritual?”

Outro dos nossos amigos era católico romano e nos diz: “Eles eram convencionais, acessíveis e modernos, enquanto eu e minha esposa buscávamos algo tradicional, profundo e contra-cultural, algo antigo e original. A homilia de um presbitero ortodoxo nos provocou sobre o real sentido do Jejum, que era para nos ensinar a amar nós mesmos. Isso me despertou do quão doente e anestesiado eu estava por esse “cristianismo a moda americana”.”

Um convertido, hoje Presbítero, disse que homens estão como que destinados a perigosos elementos do Cristianismo Ortodoxo, no qual envolve “auto-sacrificio de um guerreiro, o terrível risco de ter compaixão dos inimigos, as obscuras fronteiras que a humildade pode nos chamar. Se perdermos essas características essenciais da batalha espiritual cristã, as igrejas ocidentais se tornam um Buffet self-service.

Homens são muito criticos quando alguem tenta manipular suas emoções, especialmente no âmbito religioso. Homens apreciam a objetividade do Cristianismo Ortodoxo. Não é destinado a viver sentimentalismos religiosos, mas a realizar um objetivo simples.

Sim meus caros, existe um “romance masculino” na Ortodoxia. Sabe o que isso significa? Diferente do romance “feminino”, este romance é uma paixão por bravura e valentia.

Um Diácono nos diz: “algumas igrejas evangélicas ensinam homens a serem passivos e legais. A Ortodoxia convoca os homens a serem corajosos e ativos.



Jesus Cristo. O que identifica homens ortodoxos não é simplesmente desafios ou mistérios meus caros. O que identifica um homem Ortodoxo é nosso Senhor Jesus Cristo.

Ele é o centro de tudo o que a Igreja diz e faz.

Em contraste com o cristianismo occidental, mais uma vez, a Ortodoxia oferece um “Cristo robusto”. (Para as mulheres, uma robusta Virgem Maria, no sentido, como diria um hino: uma capitã, rainha da guerra.). Não existe conquista sem batalha.

Um presbitero nos escreve: “Cristo na Ortodoxia é militar, Jesus faz o inferno estremecer. Jesus, segundo a Ortodoxia, vem para lançar fogo na terra. Durante o Baptismo, nós rezamos para o recém batizado, seja homem ou mulher, para que ele “guarde a fé e seja um guerreiro invencível.”



Continuidade. Muitos convertidos que tinham uma vida já intelectual lêem a história da Igreja e os escritos dos primeiros cristãos, e vêem como são esclarecedores. Sabem que existe Uma Igreja que Cristo instituiu, um corpo visível e presente que forma a Igreja invisível e busca na Igreja Ortodoxa essa “igreja original ou primitiva".

Um homem ortodoxo de longa viagem diz que homens gostam de “estabilidade”: Homens podem confiar no Cristianismo Ortodoxo porque ela mantém viva a tradição da fé que os apóstolos receberam. A Igreja Ortodoxa oferece o que ninguém mais pode oferecer: CONTINUIDADE com os primeiros seguidores de Cristo. Isso é continuidade, não arqueologia. A igreja primitiva ainda existe e você pode se unir a ela.

O que me convenceu da Ortodoxia foi a promessa de Cristo de que os portões do inferno não prevaleceriam contra Sua Igreja, e que o Espirito Santo a guiaria na verdade e na doutrina correta, e isso é possível ver claramente na Ortodoxia, unidade na fé, adoração, piedade e doutrina com continuidade histórica desde os primeiros fiéis até hoje.

Outra palavra para continuidade é TRADIÇÃO. Um catecúmeno escreveu que ele tentou aprender todo o necessário para interpretar as Escrituras corretamente, incluindo aprender as línguas antigas como o grego. “Tentei me aprofundar para ter certeza de onde pisava, mas quanto mais ia por conta própia, mas me perdia.”


Se as Escrituras querem nos dizer algo, é necessário que elas deveriam ser ditas em comunidade, com uma tradição para guiar a leitura. Na Ortodoxia, encontrei o que procurava.


Homens equilibrados. Um padre nos diz: “Existem dois tipos de homem: Aquele forte, rude, cruel, macho e provavelmente abusivo ou o sensível, querido, por vezes reprimido e fraco. Mas na Ortodoxia, masculino é equilibrado com o feminino, há igualdade, não existe masculino e feminino, mas Cristo que une as coisas no céu e as coisas na terra. Por isso, homens ortodoxos não são extremos, mas equilibrados.”

Outro padre comenta que geralmente a esposa é originalmente insistente em converter a família ao Cristianismo Ortodoxo, mas quando ambos no casal se tornam Ortodoxos e recebem os sacramentos, com o tempo eles se tornam equilibrados e independentes, sem dominação espiritual do lado de ninguém.



Homens no commando. Gostando ou não, homens simplesmente preferem ser comandados por outros homens. Na Ortodoxia, homens e mulheres leigos fazem tudo o que o homem faz, inclusive palestrar, ensinar e fazer parte do conselho paroquial. Mas atrás da Iconastase, no Altar, é só Homem. Um camarada simplificou isso dizendo o que são homens na Ortodoxia desta forma: “Barbas!”.

A Igreja Ortodoxa é o ultimo lugar no mundo onde homens serão tratados como maus simplesmente por serem homens. Ao invés da negatividade, eles são cercados de bons exemplos e heróis, os santos, que nos ícones e nos cânticos nos mostram sua bravura de ter vivido em Cristo.

Este é outro elemento essencial que homens apreciam: Saber que existem OUTROS HOMENS para olhar como exemplo, ao invés de apenas ouvir termos e palavras.

Outro fiel diria que a melhor forma de atrair um homem para o Cristianismo Ortodoxo é mostrando outros homens ortodoxos.

Porém, não importa o quão bom seja essa bravura, jamais ela tomará aquilo que é primeiro e essencial: Uma vida perigosa não é o objetivo. Cristo é o objetivo. Um espírito livre não é o objetivo. Cristo é o objetivo.

Cristo é o arquétipo, no qual homens e mulheres se aproximam, A Ele todo joelho se dobrará, e toda língua confessará.

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