segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A comunidade ortodoxa de Asúncion


Domingo de manhã. Eram 9 horas e se podia ouvir o badalar dos sinos na pequena Igreja Ortodoxa Russa de Asunción, capital do Paraguai. 

Aos poucos chegavam mulheres cobertas com lenços e homens cuja barba era expressível. Crianças também se aproximavam, pegavam uma fina vela amarela e acendiam com uma devoção bimilenar diante de um Ícone.

Sem instrumentos. O coro começou a salmodiar em russo e espanhol e o povo entoava junto. Tudo era cantado.

Todos em pé, voltados ao Oriente. 

Começou a Divina Liturgia.



Incenso, ícones, prostrações até o chão, tudo remontava as origens do cristianismo, aquela pequena igreja não devia nada a qualquer grande catedral do Império Bizantino ou da Rússia Medieval.

O batushka (padre) Igor havia chegado recentemente com a esposa Irene e a filha Veronica ao Paraguai, por uma missão do Patriarcado de Moscou. O objetivo é atender a pequena paróquia que estava abandonada há 27 anos. 

Após restauração e pintura.

Aos poucos, eles estavam retomando as atividades e integrando a hoje pequena comunidade russa do Paraguai, como também outros fiéis paraguaios, convertidos à religião ortodoxa.

Terminada a Liturgia, Batushka Igor convidou a mim e minha prima para tomarmos um café (ágape) com a comunidade e conversarmos. Ele nos contou histórias de quando morava na Rússia, o quanto a União Soviética massacrou o povo russo em sua infância. Falou de planos para ajudar a pequena comunidade no Paraguai a se reerguer e outras coisas mais.


Entre russos e paraguaios, estavam eu e minha prima, brasileiros. Conosco também Ángel Lacentre, um cristão ortodoxo de família libanesa e Igor, um empresário da Lituânia que estava em visita ao Paraguai e participou da Liturgia conosco. Bernardo, que já foi um seminarista católico e agora professa a nova fé, também nos acompanhava. 


Padre Igor explicou que mesmo de etnias diferentes, todos comungam da mesma fé. "Todos tomamos do mesmo cálice, isso nos une acima de qualquer barreira cultural, é isto que nos permite chamar-nos de irmãos.", explica o padre.


A visita foi uma miscelânea de histórias e conhecimentos, compartilhados aos moldes bizantinos, povo que amava longas discussões ao redor de uma mesa. A comunidade russa e a igreja ortodoxa de Asunción podem agora se levantar e compartilhar com o povo paraguaio sua rica história e sua nobre fé e cultura.


- Márcio Albino (Μάρκος)

Um comentário:

  1. Obrigado pelo post! Que nosso Senhor ilumine nossa América Latina com missões ortodoxas que vivem Tradição em santidade, simplicidade e humildade.

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