sábado, 9 de agosto de 2014

Homilia para o 9º Domingo após Pentecostes


Epístola: I Coríntios 3:9-17
Evangelho: São Mateus 14:22-34

“Não seremos perfeitamente livres até que todos não o sejam” (Santo Agostinho)

Há os que pensam que para chegarem ao tão desejado bem que é a liberdade tudo vale, espionagem, invasão aos direito humanos, invasão a intimidade das pessoas e até intervenção política ou militar em outros países, quando na prática estão escondidos numa famosa frase do tão criticado Hitler, ao que eu pessoalmente também critico que diz “...não haverá paz nos homens até que o último não mate o penúltimo”.

Terrível que ainda países que promovem os direitos humanos pratiquem esta metodologia escondida no que aconteceu naquele dia 11 de setembro, será que estão usando o 11 de setembro para dominar as decisões e o rumo do mundo? Será que esqueceram que aquele dono da liberdade e arquiteto do universo é Deus, e que pagou muito caro sua liberdade, primeiro suportar ver os seus filhos caírem no pecado e logo dar o seu filho unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo, para regatar-nos da escravidão, do pecado e do poder mundano. E isto aconteceu para que não sejamos mais escravos do homem e nem do pecado.

Enquanto estamos apegados aos poderes mundanos, sem cuidar da integridade moral e dos valores das pessoas, estamos matando o penúltimo para ficarmos nós, e a pergunta é: esta é a democracia que se está promovendo, onde tudo vale?
Cristo com sua morte na cruz nos ensinou que nem tudo vale, que temos que defender nossos ideais sem medir consequências, e que o verdadeiro ser livre é aquele que está disposto a dar sua própria vida por um ideal.

Infelizmente hoje se está fazendo tudo ao contrário: se invade a liberdade e a intimidade da gente, uma pessoa é parada nove horas em um aeroporto sem ter causa justificável para isso. A pré-suposição da mesma entre aspas é preservar-nos e proteger-nos do terrorismo!

Se analisarmos como começou há três anos a história dos países árabes, que a chamaram de “Primavera Árabe”, o motivo entre aspas também, era teoricamente liberar os povos oprimidos. Mas o que conseguiram na realidade foi destruir os laços históricos de diálogo que se vem desenvolvendo entre estes povos. Pois nós sabemos bem, como disse o Papa Francisco, não haverá paz nos homens sem diálogo.

Hoje vemos como Yemen, Iraque, Líbia, Síria e neste momento também Egito, estão sofrendo as consequências de uma falsa primavera. A pergunta é: qual é o outro país que querem liberar? Se tivermos a resposta saberemos qual destruirão.

Por isso Santo Agostinho dizia que ele não se sentiria perfeitamente livre até que todos não o sejam.

Há países que matam com a desculpa de defender a democracia, são na prática escravos do poder, e nós como cristãos sentimos a dor deles e dizemos: que o poder verdadeiro não está fora do homem, está em nosso interior, em nosso coração, que para sermos livres na verdade, temos que nos liberar de nosso ego, das vaidades, da avareza, da mentira, da hipocrisia, das nossas paixões e da corrupção que está matando aos poucos o ser humano.

Eu serei livre, quando não ver mais nenhum pobre na rua sem rumo, quando puder ver aplicar a lei com justiça, quando não ver mais exclusão social, quando deixar de ver tanta corrupção nos distintos poderes humanos. Serei livre quando também puder ver uma sociedade mais justa e solidária.

Para ter esta virtude e conceito de liberdade, vale uma só coisa: compreender que a liberdade, como disse Santo Agostinho, é nosso bem maior, que não se impõe, a liberdade se constrói dia a dia, aceitando as pessoas com são. Se agirmos de outra maneira estaríamos fazendo muitos outros 11 de setembro, constantemente camuflados com o nome de “DEMOCRACIA”.

Sermos livres hoje é possível, mas nem tudo vale...

- Homilia de Padre Rafael Magul, 
pároco da Igreja Ortodoxa São Nicolau, Goiânia (GO).

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